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Maldita Guerra, de Francisco Doratioto.

O entendimento da obra «Maldita Guerra» — escrita pelo historiador Francisco Doratioto e publicada em 2002 — deve ser extraído da análise sucessiva de quatro movimentos historiográficos precedentes — e muito distintos entre si — que se debruçaram sobre a Guerra do Paraguai. 

O primeiro relaciona-se à historiografia marcadamente militar, correspondente ao período que se inicia nos anos do pós-guerra e se estende até os anos de 1930. Meritória sob diversos aspectos — sobretudo quanto à afirmação de nossa nacionalidade — são representativas desse período as seguintes obras: «A retirada da Laguna» (1871), de Alfredo d’Escragnolle Taunay, «Reminiscência da Campanha do Paraguai» (1910), de Dionísio Cerqueira, «Os voluntários na guerra do Paraguai» (1910), de Paulo de Queiróz e «História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai» (1938), de Augusto Fragoso. 

O segundo movimento, acentuado pela tônica positivista ortodoxa — pacifista e anti-militarista —, rechaça, fundamentado na sociologia comteana, os motivos justificantes do grupo anterior. Em sua maior parte, pertenceram a essa vaga historiadores ligados Apostolado Positivista do Rio de Janeiro. Raimundo Teixeira Mendes, no estudo biográfico «Benjamin Constant», de 1892, é o principal nome dessa corrente, acompanhado de Hélio Lobo e seu livro «Causas Diplomáticas», de 1918. 

O terceiro grupo, desenvolvido sobretudo entre as décadas de 1960-80, privilegia os referenciais teóricos advindos da escola marxista. Nessa linha interpretativa — que se ampara, em resumo, na suposta influência inglesa sobre os países da Tríplice Aliança contra o Paraguai industrializado e independente das demais potências platinas —, sobressaem-se dois autores: o argentino León Pomer e o brasileiro Julio José Chiavenato. Atualmente, desde meados da década de 1990, prevalece um quarto entendimento, marcado pela análise criteriosa de fontes primárias, sobretudo diplomáticas, dita revisionista particularmente quanto à terceira onda historiográfica. E é neste grupo que se insere a obra «Maldita Guerra».

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