De acordo com Ivan Lins na monumental «História do Positivismo no Brasil» — publicada em 1964 na «Coleção Brasiliana», à época sob direção editorial de Américo Jacobina Lacombe, ele mesmo historiador de escol— , o estudo da divulgação do apostolado positivista no Brasil mormente se inicia a partir das atuações de Miguel Lemos e Teixeira Mendes, ou seja, entre o último quartel do Séc. XIX e meados da década de 1920. Todavia, a existência de um difuso espírito cientificista — coordenado pela crença determinista e emancipadora do homem sobre a natureza — data de anos mais recuados.
Nesse sentido, antes do comtismo ortodoxo, como ressalta Silvio Romero em seu ensaio «Doutrina contra Doutrina», pairava certo estado de espírito — vagamente positivista em seus pressupostos — , tanto indefinido quanto brumoso, da doutrina comteana. Sem influência direta do Apostolado Positivista — cuja Igreja é tardiamente fundada em 1881 — , muitos foram os autores responsáveis pela saturação do ambiente cultural de certo «sentido positivo», quer dizer, apontando tendências gerais e delimitando conteúdos de estudos. Divididos entre o magistério — sobretudo o matemático — , e o ofício das armas, impuseram, em comum, os ditames da cientificidade empírica contra o abstracionismo metafísico.
Ademais, já em meados de 1830, não foram poucos os brasileiros alunos de Augusto Comte na Escola Politécnica de Paris. Três, inclusive, particulares. Não sem razão, logo em 1844, encerrava-se entre nós a tradução e publicação do último volume do «Curso de Filosofia Positiva». Em 1874, v.g. Pereira Barreto publica o primeiro volume d’ «As Três Filosofias», cuja primeira parte expõe a Lei dos Três Estados, núcleo da filosofia positivista. Mais que obra de divulgação, seu projeto é civilizatório, característica essa que perpassa incólume entre autores e momentos variados da história do positivismo no Brasil.
Em sentido diverso — mas não antagônicos — , inserem-se na vaga positivista autores tão díspares quanto José Veríssimo, Nísia Floresta e Silva Jardim.
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Sobre o assunto, recomendo as seguintes referências:
1. Livros
a. História do Positivismo no Brasil [ PDF ]. LINS, Ivan.
b. O Positivismo no Brasil [ PDF ]. OLIVEIRA TORRES, João Camilo.
2. Ensaística
a. A «Teoria do Brasil» dos positivistas ortodoxos brasileiros: composição étnica e independência nacional [ PDF ]. LACERDA, Gustavo.
b. Os Positivistas Ortodoxos e a Guerra do Paraguai [ PDF ]. MAESTRI, Mário.
c. Augusto Comte e o positivismo no Brasil [ PDF ]. BAKOS, Margaret.